segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

ESPÍRITO SANTO

EM NOME DO PAI, DO FILHO, E DO ESPÍRITO SANTO
O que aconteceu no Estado do Espírito Santo com a polícia militar no interior dos quartéis e um grupo de mulheres reunidas no lado externo das portas dos quartéis impedindo que as viaturas saíssem para o trabalho de policiamento, perfaz situação de extrema delicadeza na ordem pública e social do país.
Quando os cidadãos normais foram às ruas em manifestações contra o governo, as policias usaram de todas as formas de repressão, balas de borracha, gás lacrimogênio e escudos, em esforço para combater as manifestações populares. No Espírito Santo, nada disso foi feito e as mulheres que se intitulavam esposas de policias militares, sequer foram identificadas para conferir se de fato se tratavam somente de esposas de militares.
O fato é que durante as manifestações das mulheres por aumento de salário dos policias, cerca de 130 pessoas foram assassinadas no estado e agora depois de encerrado em tese o protesto, surgem notícias dando conta de que parte desses assassinatos teriam sido praticados por policias militares e por grupos de extermínio envolvendo esses profissionais. Sendo isso verdade, tem-se que parte dos membros da polícia estariam praticando crimes comuns e quem sabe até, estejam a serviço do crime organizado.
Segundo o filósofo Leandro Karnal, o fato mostra que podemos estar próximos de um rompimento no tecido democrático, o que provocaria uma desordem social e quem sabe desintegração do sistema político nacional. Isso é muito grave, e pode levar a uma Síria cujo governo enfraqueceu ao ponto de permitir-se acuada por uma nova ordem de cunho religioso o Estado Islâmico, que vem implantando o terror no mundo. O que poderia ocorrer no Brasil é uma incógnita e quem sabe um estado de cunho religioso com fundamentos radicais. O que está ruim pode piorar, do mesmo jeito que achavam que a queda da Dilma seria a solução dos problemas do Brasil.
O fato, ruptura institucional, já ocorreu na Rússia em 1917, com uma revolução popular incontrolável, com o surgimento do Partido Bolchevique que implantou a União Soviética que durou até 1991, com re3gime comunista duríssimo, e na França no século XVIII que resultou na revolução francesa, com a Monarquia Absolutista que governava a França por séculos tendo entrado em colapso com a perda do controle da nação (1789).
As instituições precisam funcionar corretamente e nenhum movimento social pode ser mais importante do que a estabilidade do estado, a menos que uma multidão de grande porte estivesse rebelada, o que não foi o caso.
O Brasil já tem alguns pontos fracos na sua organização que o tornam de certo modo vulnerável, como o caso da falta de ética na polícia que resulta em deputados e senadores que não representam o desejo do povo, mas o desejo dos grupos que eles representam, ou ainda com a fraqueza do poder executivo que vive de cabeça baixa diante do legislativo, quando o correto seria cada poder com a sua parcela de independência sem com isso fugir ao controle institucional. Anda bem que o poder judiciário tem funcionado de forma a manter em parte o equilíbrio institucional.
O brasileiro está acostumado a lidar com a política como se ela fosse o futebol, onde cada um tem o seu time, mas se houver derrotas a vida vai continuar. Na política é diferente porque os empregos, as escolas, os hospitais, as liberdades individuais ficam atreladas ao bom funcionamento da república.
Desse modo, há de se convir que em algum momento as garantias sociais e políticas devem ser preservadas a qualquer custo, e deveria ter sido assim no Espírito Santo onde pequenos grupos de mulheres que se diziam esposas de militares impediram o regular funcionamento do Estado.
A força não é para ser usada contra o povo e a favor dos políticos como se vê na Venezuela, mas é para ser usada na defesa dos interesses do povo, que tem direito à garantia de segurança, saúde, educação, transporte público, e que portanto não pode ter esses direitos bloqueados por grupos que se amotinam a impedir o regular funcionamento do estado.
Não se prega a violência, mas o emprego de formas pacíficas e eficientes de fazer valer as atividades de Estado.

João Lúcio Teixeira 

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