sábado, 8 de outubro de 2016

MISTÉRIOS DA VIDA ADULTA

Meu pai todo poderoso, existe para proteger-me, dar-me a mão ao atravessar a rua, suprir as minhas necessidades físicas e psicológicas, é o meu porto seguro que estará sempre por perto quando eu me sentir em perigo. Afinal eu sou somente uma criança.
Meu pai é o símbolo da proteção que todo o ser humano deseja, sempre que a vida se mostra difícil ou confusa, e é nele que eu vou buscar a confiança que me fará suficientemente forte para seguir em frente.
Só existe um problema que nós temos que resolver porque a única coisa que não está certo é ele tirar de mim a minha mãe, que simboliza o seio que me alimenta sempre que tenho fome, e deveria estar disponível durante toda a minha vida para que eu não sentisse nunca o risco da fome. Sempre que eu chorava ela me oferecia o seio. Se ele não fosse um inconveniente invasor da nossa felicidade, e não me obrigasse a ter que buscar alimento nesse mundo complicado, estaria tudo perfeito. Ele me protegeria e ela me alimentaria sempre que eu tivesse fome.
Somos um triangulo, e eu me sinto um perdedor quando vou dormir sozinho no meu quarto, em que eles me obrigaram a ocupar, e o meu pai lá no bem bom, ao lado do corpo quente da minha mãe. Tenho ciúmes e inveja, porque acho que eu queria ser o meu pai e não eu mesmo.
Minha mãe, minha comida, meu colo que me acalmava nos momentos de pânico, e meu pai a garantia de que ninguém iria me causar mal. Assim era o meu mundo de fantasia.
Um belo dia eu cresci e vi que meu pai não estava mais por perto e quase entrei em pânico, mas recobrei os sentidos em seguida, e nos seios de outra mulher que não a minha mãe, me acalmei, voltei a respirar tranquilo depois de imaginar que no lugar do meu pai eu coloquei um deus que me protege nos momentos de incerteza, e no lugar da minha mãe, uma mulher que completa a minha metade fraca, dorme comigo pra eu não me sentir sozinho, me beija e me abraça com o carinho que me alimenta a alma.
Superei a minha sensação de medo, de incapacidade, e tornei-me um ser independente e forte, mas tenho uma dúvida: Seria possível caminhar seguro sem o deus que substituiu o meu pai, e sem a mulher que não é a minha mãe?
Vejo que algumas pessoas, quando perceberam a ausência do pai, e tiveram que se afastar do seio materno, tornaram-se autossuficientes e vivem aparentemente bem mesmo sem nada no lugar do pai e nada no lugar da mãe, mas eu não consegui.
Eis o mistério das diferentes formas de mentes humanas.
Acho que Freud explicaria.
João Lúcio Teixeira

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