A nação brasileira acaba de atingir
os 204 milhões de pessoas que vivem a grandeza de ser brasileiro, com todos os
defeitos e virtudes do país. Numa recente classificação de países segundo o
crescimento econômico, o Brasil ficou em 32ª posição, uma colocação bastante
ruim, atrás de vários países que deveriam estar depois de nós. Ai observou-se
que à nossa frente, coladinho conosco na 31ª posição estava o Japão, país que
nos últimos tempos ocupava sempre uma colocação dentre os cinco países de
melhor condição econômico-social do mundo desenvolvido. O Japão sempre foi
exemplo de eficiência, ao ponto de deter as principais marcas de veículos,
televisores, motocicletas, e muitos outros produtos cuja tecnologia goza de
grande respeito, como Honda, Suzuki, Mitsubishi, Toyota, Kawasaki, Sanyo, e outras de
grande prestígio. A pergunta que cabe é porque o Brasil e Japão estão assim tão
mal colocados. O Japão não tem histórico de corrupção, é politicamente sério e
respeitado por isso, tem poder de recuperação invejável tanto dos efeitos
destruidores da segunda guerra mundial, como recentemente dos efeitos do
tsunami. O Brasil vinha subindo na escala dos países desenvolvidos, chegou ser
a sétima economia do mundo, e de repente se vê engolido por uma espécie de
escalada negativa que o coloca em nível de país pouco recomendável em matéria
de investimentos, e com um povo que perde a crença na própria capacidade de
evoluir.
Quem assiste os depoimentos de
analistas importantes, de diversas vertentes, acaba vendo que o Brasil está
sofrendo por ter se metido no universo econômico de forma pouco segura. É como
alguém que nunca estudou bolsa de valores e se mete a investidor. Os riscos são
muito maiores para quem mergulha de cabeça sem saber a profundidade do lago. A indústria
brasileira ou estrangeira que se instalaram aqui, o fizeram com a ajuda do BNDES,
ou seja o governo brasileiro bancava grande parte dos investimentos iniciais, e
na hora de venderem os seus produtos usaram financiamentos bancários, o que
mostra que nem a empresa usou recursos próprios para se instalar e nem o
consumidor tinha recursos para comprar, já que precisou de financiamento para
adquirir os bens no mercado do consumo. No caso da construção civil deu-se o
mesmo fenômeno, com o BNDES financiando a construção e a Caixa Econômica
Federal financiando as compras das unidades. Tudo mentira, porque nem a
construtora usou recursos próprios para construir e nem o comprador tinha
condições de comprar. A agricultura que vem crescendo muito nos últimos tempos, planta com ajuda de financiamentos e vende os grãos para pagar o financiamento.
O Brasil, ao contrário do Japão vem se construindo economicamente de forma
perigosa porque os órgãos oficiais, numa economia de livre iniciativa, não poderiam
interferir com tanta profundidade. O correto seria a empresa se instalar com
recursos próprios e o consumidor comprar os produtos com dinheiro próprio.
Vender veículo em 72 meses, televisão em 24 meses, casa própria em 20 anos,
tudo financiado pelos órgãos públicos, ou por bancos privados que obtêm lucros
exorbitantes, não poderia mesmo ser uma espécie de desenvolvimento econômico
seguro. No momento em que o governo federal perdeu a capacidade de financiar
tudo isso, o sistema está ruindo rumo a uma recessão. Ainda bem que o governo
federal não tem mais o poder de fechar congresso, estabelecer regimes de
exceção, e as correções terão que ser feitas sob o olhar atento e crítico da
imprensa livre e severa. O Mailson da Nóbrega tem uma frase que retrata bem o
Brasil atual. Diz ele: “Nos regimes de governos populistas, como o da Venezuela,
o povo chega junto com seu governante à beira do abismo e pulam juntos. No
Brasil o povo vai com o governo até a beira do abismo, mas não pula, e ao
contrário recua para não morrer”. Isso quer dizer que o povo brasileiro ao
chegar com a Dilma nas eleições de 2014, foi até onde dava e em seguida a
deixou sozinha no risco e recuou. Por isso o governo Dilma está com tão baixa
aprovação popular, sem que com isso não se possa dizer que o governo também possa
recuar e corrigir a rota, ao invés de saltar no abismo. A solução Levy na
fazenda, um pensador de tendência absolutamente contrária ao que pensam os
governistas, é o sinal de recuo do governo que com isso mostra que não há a
teimosia dos governos totalitários, o que nos leva a crer que somos um país bem
melhor do que falam alguns pessimistas que acham que a troca de governante pode
resolver tudo. A crise brasileira traz um conteúdo de desonestidade, ou crise moral, que
o poder judiciário está sendo quase que obrigado a conter empurrado pela
realidade mostrada pela imprensa. Se o judiciário fizer o seu papel e a
imprensa séria seguir mostrando a cara dos corruptos, o judiciário não terá
saída senão livrar-nos desse mal, amém. O Brasil tem jeito só precisa crescer
no seu ritmo e de acordo com a sua realidade.
Não tem que imitar a ninguém e nem apoiar a ideia de crescimento a
qualquer custo. Seria bom que contivesse a volúpia do sistema bancário e a
falsidade do consumo exacerbado. O Brasil pode estar voltando ao caminho do
desenvolvimento auto sustentável.
João Lúcio Teixeira – 08-2015
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