O Brasil tem assistido a luta dos
homossexuais em busca de um melhor reconhecimento social da sua situação homo
afetiva. São pessoas que desejam ver respeitadas as suas opções ou orientações
orgânicas que os desviam do trajeto tido por normal e os levam a um mundo que
tem sido muito pouco compreendido pela sociedade que foi forjada na tradição
das famílias formadas por home e mulher. Os homossexuais querem ver reconhecido
na legislação brasileira o seu desejo de que o termo família possa agasalhar
também as relações entre pessoas do mesmo sexo. No meu livro “Há vida após a
separação” existe um capitulo extenso sobre essas dificuldades que têm a sua
raiz nas tradições religiosas, que acabaram por orientar todas as legislações
sobre família no mundo ocidental. Família é na constituição, a entidade formada
por um homem e uma mulher e depois os filhos, e é daí que decorre todo o direto
à herança, a responsabilidade social de proteção aos filhos e aos idosos, enfim
todas as obrigações e direitos decorrentes do parentesco, que é assim
considerado somente os descendentes, ascendentes, irmãos, primos, e os parentes
afins como a mulher e o marido.
A luta dos homossexuais é muito
difícil por se tratar de tema que mexe fundo nas convicções religiosas, principalmente
dos parlamentares que são os responsáveis por mudanças nas leis, e isso tem
causado muitos debates sem resultado prático.
A sociedade como um todo tem
mudado de opinião e o tabu vem sendo removido gradativamente, mas ainda está
muito distante o momento em que as relações homo afetivas possam ser
consideradas normais pela opinião pública.
No último domingo, na parada gay
que ocorre em todos os nãos na Av. Paulista em São Paulo Capital, um rapaz que
é transexual, ou seja que se apresenta vestido de mulher, apareceu em um carro
do tipo “trio elétrico”, nú, ou quase nú pregado numa cruz parafraseando a
imagem de Jesus e isso causou um frisson nas hostes religiosas e pode ter
reduzido a simpatia do povo cristão pelo movimento gay. Padres e pastores das
igrejas cristãs estão em clima de revolta contra a sátira que foi considerada
de mau gosto.
Na televisão o rapaz que
representou Jesus na cruz, ao ser entrevistado pela Luciana Gimenez chorou
publicamente ao reclamar das ameaças que vem recebendo por telefone e pela rede
social, e disse que o seu desejo era rebater naquele momento, o ódio que alguns
setores religiosos nutrem pela causa gay e não queria ele se fazer de Jesus mas
apenas explorar a crucificação a que os gays são submetidos no dia a dia das
ruas.
O fato é que além da cruz com um
gay nú ou seminu, havia em volta do carro alguns homens barbudos se beijando na
boca, como se fossem os apóstolos.
Pode ser que a parada gay deste
ano tenha resultado em perda de pontos na
luta pela igualdade.
A frase que mais se destaca no depoimento
do rapaz da cruz é ter ele dito que os deputados não votam nunca uma lei que os
proteja das violências das ruas, como a que pune com mais rigor os crimes
praticados contra gays, como se os gays fossem pessoas diferentes das outras
pessoas. Querem pena maior para quem mata gay e isso não tem cabimento porque a
lei foi concebida para punir que mata qualquer pessoa seja ela gay ou não.
Nesse ponto vão insistir numa
ideia impossível de se tornar lei no Brasil.
A parada gay, pode ter virado um
grande problema para os GLBTS que vêm lutando pelo respeito à sua causa. Se os
cristãos se sentirem desrespeitados, e eles são cerca de 90% da população
brasileira, poderão deflagrar uma onda de antipatia pelo movimento gay até
então considerado simpático. Quem quer espeito deve primeiro respeitar.
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