domingo, 21 de junho de 2015

É BOM CUIDAR DO SEU VOTO

Um cidadão ex-empresário, aparentemente menos influente do que já fora nos velhos tempos, em um ambiente esportivo, resolveu fazer uma brincadeira, que nem tanto brincadeira parecia ser, e depois de fazer graves acusações à presidente Dilma que, segundo a sua ótica é a responsável por toda a desgraça da classe média brasileira. Chamou-a de todos os pejorativos possíveis, a classificou depreciativamente, nos mais rasteiros limites e, não satisfeito, exarou a frase mais infeliz: “Pior é que não aparece ninguém que tenha votado no PT. Eles fezeram a merda e agora se escondem. Cadê os eleitores do PT?”
Havia entre os presentes alguém que assumiu ter votado no PT e na Dilma, e recebeu uma saraivada de ofensas pelo seu voto, segundo o ofensor, voto de má qualidade e irresponsável, disse ele”.
O rapaz do voto petista ponderou que como o governo do Lula fora considerado um bom governo, ele entendia que continuar com o mesmo partido era aparentemente conveniente naquela oportunidade.
O ex-empresário, agora cidadão comum, disse que na qualidade de economista tinha autoridade para dizer que todo o voto no PT foi burrice.
Alguém que se mantivera silente durante o debate, condoeu-se com a situação, interveio, afirmou ter também votado no PT, e ouviu mais ofensas advindas do destempero do cidadão indignado talvez, com a sua nova condição de pessoa comum depois de grandes ostentações como empresário, cuja empresa quebrou antes de o Lula ser eleito pela primeira vez.
O indignado ofensor, disse não acreditar na afirmação do segundo interlocutor, e não acreditava que ele pudesse ter votado no Lula ou na Dilma.
Em resposta ouviu uma frase que o incomodou profundamente: “O voto livre, secreto e direto, é a maior conquista de uma nação democrática, e o meu voto eu o declarei por entender que as ofensas que você vinha fazendo contra o colega são descabidas e impróprias em um ambiente de amigos e desportistas”.
O ex-empresário hoje cidadão comum, irritou-se e repetiu a frase: ”Como economista eu posso dizer que vocês não sabem a besteira que fizeram votando no PT”.
A Resposta foi incisiva: “É bom que você saiba, que qualquer um pode criticar o governo, e dele falar o que quiser, porque esse direito a constituição nos garante. O que você não pode, é querer patrulhar o voto livre, direto e secreto de cada cidadão, porque a isso se dá o nome de patrulhamento ideológico o que já foi abolido juntamente com a ditadura. A pessoa escolhe o governante que ela quiser e a minoria derrotada na urna tem que que se curvar diante da realidade, que se faz com a opinião da maioria que é a metade mais um dos votos válidos”. Se você se acha autoridade por ter se formado em economia e pelo que sei nunca ter exercido a profissão em sua plenitude, eu posso lhe dizer que também sou economista igual a você e isso não me dá autoridade para chamar de idiotas os cidadãos que votaram diferente de mim”.  
O ambiente ficou tenso, todos fizeram um lúgubre silêncio alguns se preparavam para se retirar, mas a vontade de ver o desfecho dificultava a saída, até que os três se abraçaram, e ficou claro que o mal estar foi aparentemente superado e deixou no ar uma bela lição de democracia.
As pessoas podem manifestar o seu descontentamento com o governo, mas não devem culpar o cidadão titular do direito sagrado do voto livre, como responsável de possíveis erros do governante legitimamente eleito. No caso específico do voto, se a maioria escolher um governante, cabe à minoria acatar o resultado, e juntos corrigirem os supostos equívocos na eleição seguinte.
Esse parece o preço que o PT vai ter que pagar pela insatisfação a cada dia mais visível do povo em relação ao governo da Dilma, que ainda tem tempo para recuperar o prestígio, mas se não reverter rapidamente o desgaste, vai ficar muito difícil eleger um sucessor.

Resta ao brasileiro consciente aprender com a repetição do voto livre que é a forma mais legítima de se escolher governos, a eleger sempre aqueles que irão promover o melhor futuro para a nação, sejam eles de que partido forem. O acerto no voto fica mais fácil no caso de vereadores e prefeitos porque são pessoas que estão perto do eleitor e podem ser melhor avaliadas. O ano de 2016 está chegando e o exercício de cidadania estará pertinho da nossa casa.

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