domingo, 12 de abril de 2015

VAMOS DESCOBRIR O "CAPITUNISMO"

Depois de 50 anos de inimizade institucional, Cuba e Estados Unidos se cumprimentam nas pessoas de Obama e Raul Castro, fato histórico que põe fim a uma tensão muito mais de ideias do que de forças. São duas formas distintas de teoria de estado, sendo uma voltada para o socialismo e outra para o capitalismo. Ontem mesmo, viu-se na TV e não lembro em qual canal, um documentário bem recente sobre a situação do povo de Cuba, e suas expectativas em torno dessa nova realidade, que irá permitir uma relação mais amistosa entre cubanos e norte-americanos, e a conclusão que se pode tirar do conteúdo do programa, é que os cubanos têm um grau de escolaridade muito acima da média da América Latina, o que faz deles um povo mais preparado para ingressar no mundo do trabalho e da produção,  bem como mostra que não há violência no seio da população, as famílias são bem organizadas, há as famílias simples vivendo com o mínimo de conforto como geladeira, televisão e acomodação básica. As crianças estão todas na escola e com nível de aprendizado bastante alto. Os cubanos ouvidos pela reportagem, têm todos a convicção de que é preciso melhorar a vida do povo, mas deve ser mantido o socialismo. Taxistas, estudantes, cidadãos comuns, senhoras jovens e idosas, todos unânimes em dizer que não gostariam de ver em Cuba o que se vê no Brasil, como favelas, drogas, pobreza e conflitos entre classes sociais. Em Cuba para se comprar qualquer remédio é necessária a receita médica, só que o médico é de graça e atende rapidamente, para definir se o cidadão precisa ou não de remédio, já que os medicamentos são poucos e de uso controlado. Isso seria bom no Brasil se o acesso ao médico fosse possível e gratuito.
A conclusão que se pode extrair dessa situação é a mesma que o Blogdojoaolucio vem defendendo há algum tempo, de que o conforto e bem estar que o capitalismo permite é o sonho de consumo de todas as pessoas, já que as famílias gostariam de viver em casa com piscina, carros confortáveis, alimentação farta, festas e viagens, mas o regime seria perfeito se todas as pessoas vivessem assim, e não somente alguns grupos sendo favorecidos e outros sacrificados vivendo em estado de miséria.
O capitalismo do Tio Sam, permite que pessoas enriqueçam mesmo que outras vivam na pobreza, sem saneamento básico, sem água canalizada, sem emprego e sem esperança. A pobreza brasileira é diferente da pobreza americana, mas ambas são pobrezas se confrontadas as situações de pobres e ricos da mesma nação.
Cuba nivelou as condições gerais de seu povo, dividindo as riquezas entre todos de forma que não haja concentração de resultados nas mãos de poucos, que podem ser mais competentes ou podem ser mais corruptos, na arte de conseguir a riqueza.
Cuba mostra que o seu povo pode ser considerado evoluído nos quesitos cidadania, acesso ao conhecimento, e consciência coletiva. Isso eles não querem perder com o advento da abertura do país à modernidade.
O Brasil, não precisa passar pelo regime duro de Cuba, para chegar onde Cuba está chegando agora, e nem precisa ser tão libertino como o capitalismo ortodoxo, para conseguir melhorar o nível de vida do seu povo, bastando que aproveite os benefícios das duas experiências.
Realizar o aprimoramento do ser humano brasileiro permitindo-lhe o acesso ao conhecimento e à cultura cidadã, e socializar os recursos públicos mantendo sob controle as diferenças sociais entre ricos e pobres, para que ninguém seja tão rico e nem tão pobre, seria a sublimação da governabilidade social com liberdade e democracia.
Cuba aprimorou o ser humano, e agora o ser humano aprimorado vai construir a nação econômica que mais lhe convier, com o olhar nos interesses das coletividades e não somente na sua individualidade. Afinal o que importa é um estado eficiente que atenda bem a todos em igualdade de condições.
Daqui a dois anos haverá eleições diretas para presidente da república cubana e os Castros não poderão ser candidatos, fato que vai inaugurar a nova era cubana sem o carimbo “comunista”.
Assim, dá pra ver que o Brasil não precisa nem de um comunismo ortodoxo e nem do capitalismo concentrador de riquezas, para ser a maior nação do mundo. Nós podemos ser o grande exemplo de como se constrói uma nação evoluída, com povo evoluído e sem grandes diferenças sociais, com pobres não tão pobres e ricos não tão ricos.
Essa é a situação que Cuba deverá experimentar nos próximos anos, com um povo de boa escolaridade que inserido no mercado de trabalho poderá viver com o conforto do capitalismo sem perder de vista o seu socialismo que visa a igualdade social. São hoje todos pobres e poderão ser amanhã todos ricos se a riqueza for distribuída de maneira igualitária e prevalecer a consciência coletiva.
Teoricamente o caminho para o nosso sucesso está em investir fortemente no ser humano para que ele possa construir o seu próprio futuro sem precisar de tutela, valorizar o professor, o ensino e o aprendizado, a profissionalização juvenil e o trabalho como fonte de vida honesta.
As prefeituras são a unidade mais adequada para realizar esse progresso social já que está próxima do cidadão e conhece as suas particularidades. Os recursos públicos não podem ser investidos somente em obras de cimento, mas em profissão trabalho e qualificação cidadã. A escola é o caminho, e não há necessidade de haver escolas de mármore ou de granito, nem merenda de luxo, mas de professores felizes e valorizados, alunos conscientes e famílias bem organizadas.
Se isso ocorrer no Brasil, tanto os comunistas como os capitalistas vão nos invejar porque talvez tenhamos descoberto o “capitunismo”.

João Lúcio Teixeira- Advogado

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