terça-feira, 17 de março de 2015

A DILMA TEM NAS MÃOS UM CHEQUE ASSINADO EM BRANCO

As manifestações populares de 15 de março de 2015, mostram que o sistema político brasileiro esgotou-se e há grandes riscos de o povo cair em uma crise de desesperança pela falta de alternativa. Na situação não há confiança, e as oposições não existem, ou pelo menos não têm porte que lhes permitam visibilidade. Os partidos políticos são evitados e as organizações esparsas de outros ideais não convencem. A crise existencial do espírito coletivo pode gerar vocações perigosas como as de natureza religiosa, ou criminosa, que costumam aproveitar a falta de rumo da sociedade para cooptar pessoas e torná-las bitoladas, pela falta de rumo do poder público.
O principal núcleo de resistência é o estado de São Paulo, que conseguiu mobilizar cerda de metade do volume de pessoas que foram às ruas. Um milhão de pessoas em São Paulo em um total que pode aproximar-se de dois milhões em todo o Brasil.
Há quem entenda que seja a classe média a que mais tem sentido a indignação contra o governo federal culpado pela possível aproximação entre as classes B e C, seja pelo crescimento da C ou pelo empobrecimento da B. O fato é que no estado mais importante da União, o povo está mais bravo. Estranha-se porque o PT, partido que governa o país, nasceu em São Paulo, tem suas raízes no ABC paulista e daqui saiu para o Brasil. Minas Gerais não votou no Aécio para presidente, mostrando-se descontente com o governo mineiro do PSDB dos últimos tempos. Lá, em 2015, a Dilma venceu as eleições de presidente e elegeu o governador. Tudo mostra que o povo não está satisfeito com nenhum governo, a indicar que o modelo político do “toma lá dá cá” entre os poderes executivo e legislativo, com entrega de cargos e negócios no âmbito da tal “governabilidade”, não agrada mais ao povo. Pode se ver que o problema não é exatamente pessoal contra este ou aquele político, mas contra o sistema político nacional.
A Dilma tem a oportunidade, ainda que desgastada em São Paulo, de elaborar propostas positivas que possam ir de encontro aos anseios populares. Corrupção deveria ser incluído na lista dos crimes hediondos com prisão de até 30 anos sem direito a progressão de regime de cumprimento. Ou seja, pena cumprida por completo em regime fechado. O povo espera algo assim. Prefeitos e vereadores condenados por crime de quaisquer espécies, ou por ato de improbidade nunca mais deveriam ser candidatos, porque o povo não merece que bandidos retornem ao poder, nem pelo voto e nem como ocupantes de cargo de confiança. O povo espera algo assim. Fim das reeleições de prefeitos, governadores e presidente da república, e somente uma reeleição para o legislativo com vereadores e deputados fora da política depois de cumprido o segundo mandato. A variação de pessoas vai oxigenar o sistema hoje asfixiado pelos Sarneys e Renans que nunca saem daquelas cadeiras já moldadas aos seus bumbuns.
Fim dos financiamentos de campanha, e abertura mais ampla dos meios de comunicação como rádio e televisão para que as campanhas sejam feitas mais intensamente nesses veículos dando ao tema eleições a mesma visibilidade que se deu à copa do mundo. Afinal esses veículos são serviço público de devem ser utilizados em função do interesse público. Conhecer os candidatos mais profundamente pode evitar enganos na hora de votar.
O Brasil precisa deixar de ter vergonha da política e voltar a discuti-la e vivenciá-la com mais intensidade. Novelas e futebol, não podem ser mais importantes do que a vida política de uma nação. O povo está bem mais preparado para escolher o melhor ator ou cantor, do que um governante. A quem isso pode interessar?
Se a Dilma enviar algo forte e do agrado do povo, o próprio povo vai cobrar dos deputados e senadores a aprovação sob o som do clamor popular como foi a lei da ficha limpa. Eles morrem de medo do povo, mas o povo ainda não descobriu isso.

O povo na rua deu à presidente uma oportunidade de fazer o que precisa ser feito e ela tem que aproveitar o momento, já que o povo vai cobrar dela e dos deputados e senadores, uma mudança do jeito de olhar a atividade política no Brasil.

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