Ontem aconteceu mais uma festa da democracia brasileira com
8,7 milhões de estudantes participando do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio
que mede o nível de aprendizado dos estudantes que desejam uma vaga no sistema
de ensino superior
O Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem) é uma prova elaborada pelo Ministério da
Educação para verificar o domínio de competências e habilidades dos estudantes
que concluíram o ensino médio. O Enem é composto por quatro provas de múltipla
escolha, com 45 questões cada, e uma redação. A prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias traz questões sobre as
disciplinas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia. A de Ciências da Natureza e suas Tecnologias cobra
conhecimentos de Química, Física e Biologia. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias envolve questões de
Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes,
Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação. Já a prova de Matemática e suas Tecnologias tem questões de Matemática
(Geometria e Álgebra).
Redação
A Redação testa cinco competências
: “Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita”; “Selecionar,
relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos
em defesa de um ponto de vista”; “Elaborar proposta de intervenção para o
problema abordado, respeitando os direitos humanos”; “Demonstrar conhecimento
dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação”;
“Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os
direitos humanos”.
Para cada uma delas, existem 5 níveis possíveis que um candidato pode
atingir, cada um valendo 200 pontos. Por exemplo, na primeira competência o
aluno pode receber zero se o domínio da língua padrão estiver ausente, 200 se
for baixo, 400 para mediano, 600 com nível bom, 800 se tiver muito bom e 1000
com domínio considerado excelente. O processo se repete para as outras
competências. Ao final, somam-se as cinco notas e divide-se o total por cinco
até chegar a uma média que vai de 0 a 1000 pontos.
É importante lembrar que existem quatro critérios que zeram a nota de um
candidato do Enem: texto em branco, com até 7 linhas, com intenção clara do
autor em anular a redação ou cuja argumentação não respeite os direitos humanos
e fuga ao tema proposto.
Em 2012, o MEC modificou a correção da redação do Enem e aumentou o
número de avaliadores, para deixar o sistema mais rigoroso e evitar pedidos de
revisão de nota na Justiça.
Pontuação
A pontuação das questões do Enem é feita por uma metodologia chamada Teoria da
Resposta ao Item (TRI) , que envolve psicologia, estatística e
informática, e garante que todas as provas do Enem tenham o mesmo grau de
dificuldade e possam ser comparadas.
A contagem é diferente das avaliações clássicas, que somam os acertos.
Na TRI, o item (a questão) mede níveis de conhecimentos diferentes. Há
perguntas fáceis, medianas e difíceis, com pontuações diferentes. Além disso,
esses itens têm de conseguir separar quem sabe o conteúdo de quem tenta acertar
no chute. Pessoas que acertam o mesmo número de questões não têm notas iguais,
porque acertaram e erraram questões diferentes.
Não há uma escala definida nas provas de múltipla escolha como há na
redação. Em 2011, as notas máximas obtidas foram: Ciências Humanas, 793,1;
Ciências da Natureza, 867,2; Linguagens, 795,5; e Matemática, 953.
Para que serve o Enem?
O Enem tem uma série de funções. O exame é usado como um vestibular
nacional de uma série de universidades públicas. Com a nota do Enem, o
estudante pode se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ,
sistema criado pelo governo para selecionar alunos para as instituições
públicas de ensino superior. O candidato pode escolher dois cursos de
graduação, de diversas instituições brasileiras, de todos os Estados
brasileiros. A cada dia o sistema gera as notas de corte das carreiras e assim
o estudante pode ter ideia se sua pontuação é suficiente para ser aprovado no
curso pretendido. )
Os estudantes também utilizam o Enem para conseguir uma bolsa de estudos
em uma universidade particular por meio do Programa Universidade Para Todos
(Prouni) . Este programa do governo federal oferece bolsas de estudo
parciais, de 50%, e integrais, a estudantes de baixa renda. Para participar, o
estudante precisa ter tirado no mínimo 400 pontos no Enem
Outro programa de acesso ao ensino superior que exige o Enem é o Fundo
de Financiamento Estudantil (Fies) , que concede bolsas restituíveis a
estudantes que não tem condições de pagar as mensalidades da graduação. O Fies
funciona como um empréstimo: aluno completa o curso com bolsa, e depois de
formado paga a dívida ao governo, com juros mais baixos, de 3,4% ao ano (Leia
mais sobre o que é o Fies).
O Enem também é necessário para os estudantes de graduação que queiram
fazer um intercâmbio no exterior pelo programa Ciência sem Fronteiras .
O mais novo projeto do governo federal quer levar 75 mil estudantes para fazer
parte do curso em instituições estrangeiras de excelência. A bolsa inclui todos
os gastos e é voltada prioritariamente para áreas de engenharia, tecnologia,
biologia e ambiental. Para concorrer a uma vaga, é preciso ter feito 650 pontos
no Enem.
Com o Enem, o
candidato também consegue emitir o Certificado de Conclusão do Ensino Médio
. É necessário tirar 450 pontos nas provas objetivas e 500 na redação para
receber o diploma do colégio através do exame.
Todos esses programas abrem oportunidades para os alunos do
ensino médio darem prosseguimento aos seus estudos, desde que consigam uma
pontuação suficiente no ENEM. O objetivo do ENEM é extremamente generoso com as
classes menos favorecidas porque os alunos que estudam e aprendem o conteúdo do
ensino médio conseguem ingressar em universidades que nunca os admitiriam pelo
método tradicional do vestibular baseado em cursinhos caríssimos.
De outro lado cabe observar que para que o ENEM atinja o seu
mais amplo universo de justiça social, as escolas públicas precisam melhorar no
quesito aprendizado para que mais pessoas consigam sair do ensino médio com
condições de pontuar no ENEM. As escolas precisam ser melhor equipadas, com
professores e alunos mais bem atendidos e qualificados, o que resultará em
clara evolução do sistema que cheira a justiça social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário