quarta-feira, 5 de novembro de 2014

UMA REFLEXÃO ENTRE A ESQUERDA HISTÓRICA E A CORRUPÇÃO

Mais uma vez na festinha de aniversário fui olhado como um idiota, pela minha mania de achar que ainda vou ver o Brasil menos corrupto. Um homem de meia idade, em uma roda de conversas várias mostrou a sua faceta crítica ao afirmar que conhece de perto a bandidagem oficial e que tem certeza de que não há salvação para o nosso país, porque a corrupção está em todos os lugares, como o ar, a luz e a escuridão, que vão e vêm quando bem entendem sem qualquer controle. A doença está em todas as esferas e, segundo ele, cada um que detém cargo público está a fim de conseguir alguma vantagem pessoal. Ele foi o mesmo que há algum tempo me disse que servidor público é um cancro que emperra o serviço público e que a máquina só anda se for terceirizada.
Dizer isso justamente pra mim que vivo defendendo a tese de que os servidores podem ser o "grande herói" na luta contra corruptos, já que podem ajudar a localizar os malandros e combatê-los, ali dentro do "octógono" , era demais.
Me senti como se estivesse nu na Paulista, com aquele olhar incisivo a  despir-me das minhas convicções, mas consegui, depois de pensar bem no que falar, e perguntei de forma também incisiva: Você ou alguém da sua família conseguiu alguma vantagem ilícita na política? Ele respondeu um "não"  com ares de bravio.
Naquele momento senti que devolvi a "ofensa" e o coloquei na defensiva, clássica defensiva, é claro, com respeito e urbanidade. Quando o notei na defensiva cresci nos meus saltos e me senti de novo um defensor da moral pública, o que antes me fazia sentir um idiota, agora fazia de mim um estadista, de pouca estatura, mas um mini estadista de verdade.
De novo, e como sempre, percebi que é possível defender a ideia de que os corruptos podem ser derrotados, do jeitinho que a minha mãe dizia nas suas simples e velhas reflexões, quando inspirada: " filho você tem que ser honesto e tem que provar que o é, porque o pobre precisa se provar honesto enquanto ao rico basta se dizer honesto".
Era o ditado da sabedoria popular que deixava aos pobres a obrigação de fazer prova da sua honestidade enquanto o rico gozava da presunção de honestidade e quem o dissesse desonesto teria que provar a acusação se não poderia ser preso por calúnia, difamação ou injuria.Resquícios da escravidão recém abolida naqueles tempos.
O meu interlocutor, ficou nervoso, e ao insistir na sua tese de que o Brasil não tem solução, gaguejou, engoliu por vária vezes a própria respiração, ofegou, deu de mão, e enfim enrolou-se todinho na tese que desejava defender.
Vi que a luta tem que seguir em frente e estou até a fim de filiar-me a um partido de convicções esquerdistas bem definidas, para de vez assumir o meu papel, do jeito que fazia o Niemeyer, o João Saldanha, Mário Lago, a Rachel de Queiroz durante muitos anos, e muitos outros que mesmo não sendo candidatos a nada militavam nos partidos, tido por comunistas e eram respeitados por isso. Comunismo já nem há mais, socialismo se confunde com comunismo, mas tudo isso indica que a democracia seria muito melhor se houvesse duras punições contra atos de corrupção, a começar por vereadores que recebem propina, deputados, senadores, prefeitos, governadores e servidores públicos concursados ou não.
Seria legal a gente ter um governo que preservasse as liberdades do povo e estabelecesse comportamento exemplar aos servidores, para acabar com as terceirizações e evitar que a safadeza viesse de fora para dentro do poder. Os cidadãos que, não sendo parte do poder público e  que participassem de atos de corrupção iriam para a prisão perpétua depois de assistirem a execução em câmara de gás do corrupto do poder que recebera ou exigira a propina. Há quem deseje pena de morte pra estupradores, mas os corruptos nos estupram todos os dias e ninguém defende pena de morte pra eles. Pior é que o povo ainda vota em muito deles, e vota em grandes números. Será que o povo gosta de ser estuprado?
João Lúcio

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