A Rede Bandeirante de Televisão,
vem se notabilizando pela transmissão de debates entre candidatos a cargos
políticos. Há alguns anos a empresa vem apresentando debates em formatos
variados, e ontem o modelo foi uma vez mais aprimorado para permitir que os
debatedores tivessem plena liberdade de fazerem as perguntas diretamente entre
si, sem a intervenção do apresentador, que na realidade deixou de se comportar
como mediador e passou a ter um papel de menor destaque. Em uma hora e meia de
debate o apresentador talvez não tenha ocupado cinco minutos do tempo.
Quem assistiu com atenção a
íntegra das discussões, viu que o tom era forte dos dois lados, com um pouco
mais de agressividade da parte do Aécio, preocupado em buscar desqualificar o
governo da Dilma. Do outro lado, claramente ansiosa, Dilma buscava
desqualificar o governo do Aécio em Minas Gerais.
Os críticos acham que o evento
deveria ter mais conteúdos ideológicos ou pragmáticos do que agressões, mas
outros acham que essa forma de confronto obriga os candidatos a serem mais
autênticos, falarem o que pensam ou sentem e assim se mostrarem mais
abertamente aos espectadores. Nenhum deles levou papéis para consultas no ar.
A pergunta hoje, não pode ser “quem
ganhou o debate”, mas quem foi melhor avaliado pelo espectador depois de tantas
perguntas e respostas.
O Aécio foi bem, mas poderia ter
explorado melhor alguns fatores que lhe favoreceriam, como, por exemplo, o bom
aproveitamento escolar do estado de Minas que é o primeiro colocado nas estatísticas
oficiais do ministério da educação. Nem lembrou disso. Há outros fatores
positivos do seu governo que não foram explorados. Preferiu buscar a
desqualificação do governo da Dilma, ainda que defendesse o governo do Lula nas
entrelinhas. A Dilma bateu forte na questão da corrupção quando o Aécio referiu-se
à corrupção na Petrobras. Ela disse que seus corruptos estão presos mas os do
PSDB do metrô paulista estão todos soltos. Afirmou que essa era a diferença do
seu governo para o dos tucanos. “Nós investigamos e prendemos e vocês, protegem
os seus corruptos”.
Aécio pegou pesado na questão do
baixo crescimento econômico brasileiro que vai crescer cerca de 0,3% neste ano,
o que ele diz ser vergonhoso que coloca o Brasil na lanterna entre os países da
região.
Assim foi o tom das discussões e
parece que a Dilma com toda a sua ansiedade conseguiu sair-se um pouco melhor.
Surpresa em todo esse cenário de
disputa pelo voto é a pesquisa que foi publicada antes do debate em que a Dilma
teria 49% das intenções de votos e o Aécio aparece com 51%, em perfeito
equilíbrio na medição do nível de aprovação popular.
Um detalhe do debate pode mudar o
quadro e o que parecia obvio, um crescimento do candidato Aécio, pode estar
sendo revertido pela Dilma, que deu um trato no visual, mudou as cores da
roupa, retocou cabelos e o batom, e pareceu menos durona diante dos olhos do
povo.
Pode-se dizer que não há
definição quanto às possibilidades de cada um nas urnas, com pequena possibilidade
de reação da Dilma que pode ter se saído um pouco melhor no debate da Band, que
foi talvez o melhor modelo de debate já visto.
Hoje deverão ser publicadas
pesquisas sobre a possibilidade eleitoral que já levarão em conta o desempenho
no debate de ontem e os números poderão espelhar a tendência do voto popular,
única forma aceitável de escolha de governante.
O que importa é a democracia, que
nos permite votar até aprendermos a escolher com precisão o melhor para a
nação.
João Lúcio Teixeira
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